quinta-feira, 21 de junho de 2012

MEDIUNIDADE





Educação Mediúnica
Dora Incontri[1]
Três requisitos fundamentais para a prática consciente e elevada da mediunidade são:
1)   A capacidade de concentração:
“Mais importante (…) é a calma e o recolhimento que se deve ter, juntos a um desejo e uma firme vontade de êxito. E por vontade não entendemos aqui um desejo efêmero e inconseqüente, a cada momento interrompido por outras preocupações, mas uma vontade séria, perseverante, sustentada com firmeza, sem impaciência nem ansiedade. O recolhimento é favorecido pela solidão, pelo silêncio e o afastamento de tudo o que possa provocar distrações.” (O Livro dos Médiuns, item 204). Durante os trabalhos mediúnicos, é preciso saber isolar a mente de todas as dispersões a que estamos habituados. Focar o pensamento no propósito de servir, fixar a emoção em Jesus (pode-se usar o recurso de projeção de uma imagem de Cristo, de preferência não do Cristo crucificado, mas do Cristo doce e consolador, à beira dos lagos, no alto dos montes…), direcionar conscientemente vibrações para os Espíritos sofredores comunicantes. Trata-se de uma disciplina mental, que deveríamos aliás praticar diariamente e não apenas na hora da prática mediúnica. Saber centrar e controlar os próprios pensamentos é conquista importante do Espírito. Mas não é algo que se atinge facilmente. É preciso calma e persistência. Entretanto, há dois movimentos mentais distintos na sessão mediúnica: a) o direcionar o pensamento, tendo em vista a prece, a emissão de vibrações ou a projeção de uma imagem e b) o esvaziar a mente para permitir que o Espírito comunicante manifeste o seu pensamento.
2)   O autoconhecimento:
Sendo a mediunidade um ato de comunicação entre nós e outras inteligências em estágios mais ou menos avançados, é indispensável saber exatamente o que somos, o que pensamos e o que desejamos, para distinguir o mais possível o nosso pensamento dos pensamentos que nos chegam durante a sessão mediúnica ou no cotidiano. Na posse de nós mesmos, conscientes de nossas conquistas e de nossas fraquezas, fica mais fácil separar a manifestação dos Espíritos da nossa própria personalidade. Embora em toda manifestação mediúnica, sempre haja uma influência maior ou menor do médium. “…o Espírito do médium não é jamais completamente passivo? — Ele é passivo quando não mistura suas próprias idéias com as do Espírito comunicante, mas nunca se anula por completo. Seu concurso é indispensável como intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos.” (O Livro dos Médiuns, item 223, questão 10 – Ver também o resto do capítulo XIX – O papel do médium nas comunicações).
3)  O engajamento na auto-educação:
“Se o médium, quanto à execução, é apenas um instrumento, no tocante à moral exerce grande influência. Porque o Espírito comunicante identifica-se com o Espírito do médium e, para essa identificação, é necessário haver simpatia entre eles, e se assim podemos dizer, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito comunicante uma espécie de atração ou repulsão, segundo o grau de semelhança ou disssemelhança entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus, com os maus, de onde se segue que as qualidades morais do médium têm influência capital sobre a natureza dos Espíritos que se comunicam por seu intermédio. Se o médium é de baixa moral, os Espíritos inferiores se agrupam em torno dele e estão sempre prontos a tomar o lugar dos bons Espíritos a que ele apelou. As qualidades que atraem de preferência os Espíritos bons são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões pelas quais o homem se apega à matéria.” (O Livro dos Médiuns, item 227) É evidente que não se espera a atitude já santificada por parte de um médium, sujeito às leis da evolução terrena. Porém, a simpatia e a proteção dos bons Espíritos se dão na medida dos esforços que ele faz para vencer a si mesmo e superar deficiências e desequilíbrios — sendo a própria mediunidade um instrumento inigualável de elevação. Por ela, muitas vezes recebemos as inspirações, os conselhos e as orientações morais necessários ao nosso adiantamento. Por ela, melhor identificamos as nossas fraquezas, pois se fizermos atenção a nós mesmos, observaremos como os Espíritos perturbadores se aproveitam delas.
  • Mediunidade e emoção
    A percepção extra-sensorial dos Espíritos se dá geralmente em primeiro lugar no patamar da emoção. A assimilação de idéias é sempre posterior ao impacto emocional. E isso tanto no cotidiano, quanto no espaço de uma sessão mediúnica. Tristeza, angústia, raiva, nervosismo, tédio ou, por outro lado, alegria, paz de espírito, até mesmo sensação de êxtase podem ser sintomas de uma presença espiritual.

    Nesse passo, deve entrar o médium com seu autoconhecimento para distinguir as suas próprias emoções daquelas provocadas ou potencializadas pelos Espíritos. As emoções que pertencem ao próprio médium são aquelas cujas causas são facilmente identificáveis. Fica-se triste ou irritado por algum motivo. Se não há motivo algum, pode-se desconfiar de alguma interferência estranha. E se há algum motivo, mas a nossa reação está exagerada, então pode-se estar juntando à nossa raiva ou à nossa tristeza, a influência de outros Espíritos. Eles potencializam as nossas emoções.

    Inversamente também acontece. Se algum dia nos sentimos especialmente leves, tranqüilos e felizes, sem nenhum motivo aparente, isto pode se dar pela recordação de um contato espiritual venturoso durante o sono ou ainda pela aproximação de algum Espírito, durante o estado de vigília.
    Para sabermos lidar com as nossas próprias emoções e ainda com emoções alheias, é preciso desenvolver larga autodisciplina. Anular emoções ou racionalizá-las em excesso não é o caminho, pois não se trata de esfriá-las a ponto de nos tornarmos indiferentes. Mas é preciso controlá-las, ao invés de nos deixarmos atropelar por elas. Chorar, rir, indignar-se, entristecer-se são reações humanas naturais. Porém, tanto a alegria quanto a dor, assim como a indignação, devem ser comedidas, não devem nos deixar sair do eixo. No médium, o descontrole emocional pode ser a porta aberta à obsessão, pois é no justo momento em que perdemos o nosso autocontrole que os Espíritos perturbadores podem instalar seus pensamentos e seus impulsos nos nossos e podemos ser levados a falar e agir empurrados por eles. Isso no que se refere à vigilância diária que o médium deve ter consigo mesmo.
     Na hora propriamente dita da comunicação, tal autocontrole é essencial para que haja um fluir mais eficiente entre os dois planos. Se o Espírito comunicante está em desequilíbrio emocional é justamente a serenidade do médium que vai contribuir para seu reequilíbrio. Se o médium se deixa dominar completamente, ao invés de ajudar o outro, estará desajudando a si mesmo. Se o Espírito comunicante for um Espírito superior e, sobretudo, se tiver ligação afetiva profunda com o médium, as lágrimas serão manifestação natural de gratidão, amor ou saudades. Mas se houver excesso, o conteúdo da comunicação, seja oral ou escrita, sofrerá em qualidade, pois o médium estará inteiramente tomado pela emoção e não facilitará a clareza de idéias. É verdade que, às vezes, o Espírito Superior não deseja se comunicar ou não pode fazê-lo por qualquer circunstância: faz-se apenas sentir, provocando lágrimas e tocando os corações, com sua vibração amorosa. Nesse caso, não há a preocupação de uma transmissão de idéias, mas justamente o despertar de sentimentos fecundos no médium e nos assistentes da reunião.
  • Mediunidade e Educação
    Estes dois temas estão intrinsecamente relacionados, pois tudo que é próprio do ser humano deve ser compreendido de forma pedagógica. Já que a meta do Espírito é a perfeição, todos os meios para atingi-la são Educação.
    No caso, a mediunidade é meio e fim.
    A mediunidade como meio de aperfeiçoamento
    É meio porque pode se tornar importante instrumento da evolução humana,  tanto para quem a pratica, como para quem dela é beneficiário.  O médium pode empregá-la para melhorar a sua percepção do mundo, para instruir-se com o conteúdo espiritual de que é intermediário, instruindo também o próximo. Quando lida com outros Espíritos, superiores ou inferiores a ele, em moralidade ou inteligência, está em processo de aprendizagem e interação, acumulando um conhecimento experimental do ser, que não pode ser buscado em nenhum compêndio.
    Esse aprendizado que a mediunidade proporciona tem um alcance pedagógico mais amplo. No decorrer da história humana, filósofos e profetas, artistas e cientistas, conscientemente ou não, têm servido de intermediários interexistenciais, construindo o conhecimento humano, de forma interativa com o plano espiritual. Sócrates referia-se ao seu daimon, como voz inspiradora de suas ações. Descartes afirmava que toda a sua filosofia havia se iniciado a partir de três sonhos, proporcionados pelo Espírito da Verdade. Rousseau contava como tivera uma visão das idéias que desenvolveria em seus livros. Mas o assumir a comunicação mediúnica, como parte constitutiva da construção do conhecimento nunca foi tão explícito e transparente.
  • A abnegação mediúnica
    O engajamento do médium num processo de auto-educação significa que ele usará as suas potencialidades psíquicas de forma responsável e benéfica. O Livro dos Médiuns fala em “desejar o bem e repelir o egoísmo e o orgulho”. (Cap. XX, item 226, n. 11). Diz o Livro dos Espíritos que “a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção” (questão 893). Dentre os empenhos morais do médium, um dos maiores deve ser o de abnegar-se, o de agir no Bem sem desejo de recompensa de qualquer espécie. Isso engloba o abandono de todo interesse pessoal: dinheiro, poder, fama ou mesmo retribuição psíquica e afetiva.
    Ao contrário das correntes espiritualistas anglo-saxônicas, em que se faz o comércio aberto da mediunidade, é corrente no meio espírita brasileiro, a rejeição do interesse financeiro mesclado à atividade mediúnica. Em sua maioria, os médiuns adeptos da Doutrina de Kardec, abstêm-se de tirar proveito econômico de suas faculdades. Quando o fazem, sua seriedade mediúnica é posta em suspeita. De fato, misturar a ambição de lucro monetário a uma atividade que requer todo respeito, toda abnegação e toda elevação mental, é sujeitá-la à influência mais aviltante possível. Pretender lidar com o mundo espiritual, ser intermediário de seres em outra dimensão, fazer a ponte entre os dois mundos — ao preço de um produto mercadológico é abrir espaço para qualquer tipo de mistificação. O cliente que paga tem direitos; quem vende um produto tem de dar garantia do que vende. Sendo o ato mediúnico uma interação de inteligências autônomas e livres, o médium nada pode oferecer com garantia e muito menos fazer-se pagar por comunicações que não dependem dele. Além disso, mercadejar as bênçãos do alto ou a caridade praticada é infração grave das leis divinas. Basta lembrar de que uma das poucas vezes em que Jesus se indignou com energia, foi contra os vendilhões do templo.
    É importante frisar esse aspecto, porque a tentação diária a que o médium se vê submetido é muito grande.  E, apesar da costumeira rejeição do movimento espírita brasileiro à mediunidade comercial, começa a surgir certa tolerância em relação a médiuns de cura, o que também é inadmissível. Ainda mais considerando-se o fato de que a mediunidade é sempre um fenômeno delicado para ser comprovado e oferece apenas um grau relativo de segurança. Dessa forma, a exclusão do interesse financeiro é a primeira garantia de seriedade, embora não suficiente. Isto também serve para os livros mediúnicos. Em qualquer atividade, onde há interesse de lucro, ele poderá sobrepor-se a qualquer preocupação de ética e qualidade. Assim, quando se trata de algo sagrado, a abnegação deve ser absolta.
    Mas não se trata de desinteresse financeiro apenas. Dado o atavismo milenar da humanidade de procurar gurus e agarrar-se a pajés, oráculos e ledores de sorte, existe a tendência de se projetar esses anseios de dependência para os médiuns contemporâneos — e alguns se comprazem nisso. Pelo fato de possuírem um conhecimento mais preciso de dadas situações ou pessoas ou mesmo do passado e do futuro, esse conhecimento muitas vezes é usado como meio de manter os outros em dependência psíquica ou em estado de idolatria. O médium e seu cliente entram num jogo de vampirismo mútuo, em que o primeiro se alimenta da adoração servil e o segundo se vicia nas orientações e conselhos para sua vida particular. Portanto, uma relação de poder, em que o orgulho e o egoísmo entram como atores principais.

    A dominação psíquica pode ser também coletiva, quando o médium se deixa inebriar pela fama derivada de obras e fenômenos de que foi intermediário, julgado-se merecedor de elogios e privilégios. Precaver-se contra a vaidade, para abnegar-se de si mesmo é o remédio. Segundo Kardec, o médium moralizado, ao contrário do médium vaidoso, “convicto de que sua faculdade é um dom que lhe foi concedido para o bem, não se prevalecerá dela de maneira alguma, nem se atribuirá qualquer mérito por possuí-la. Recebe como uma graça as boas comunicações, devendo esforçar-se por merecê-las através da sua bondade, da sua benevolência e da sua modéstia. O primeiro se orgulha de suas relações com os Espíritos superiores; este se humilha, por se considerar sempre indigno desse favor.” (Livro dos Médiuns, item229).

(Extraído http://pedagogiaespirita.org.br/texto/3.htm, acessado em 20/10/2007)

[1] Educadora, mestre e doutora em Educação, jornalista, escritora, criadora da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita (ABPE) e do curso de pós-graduação lato sensu em Pedagogia Espírita.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

ESTUDO DO LIVRO: O CÉU E O INFERNO 





Uma Breve Introdução para o Estudo do Livro “O Céu e o Inferno”
"A missão dos reformadores
está cheia de escolhos e de perigos
e a tua é rude, disso te previno,
porque é o mundo inteiro que se trata
de agitar e de transformar."

Espírito Verdade


            Em um primeiro momento é importante retratar, de forma sucinta, o momento em que a França vivia na ocasião em que Allan Kardec codificou a Doutrina Espírita.
            Os excessos nos privilégios do clero e da nobreza levaram a monarquia a uma situação econômica e financeira de completo descontrole. A burguesia com o respaldo da insatisfação popular promove a Revolução Francesa, tendo como marco a Tomada da Bastilha em 14 de Julho de 1789. Inspirados nas ideias iluministas, sob a bandeira da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, os revolucionários são levados à elaboração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
            No entanto, as crises que vieram a promover enormes violências levam a França a um estado de terror, abrindo assim o caminho para que Napoleão em 6 de maio de 1804 seja consagrado Imperador, governando até 1814 quando caiu do poder e foi exilado. Napoleão institui o Código Civil Francês e promove uma enorme reforma no sistema educacional. Neste período a França tornara-se a potência política dominante na Europa.
            Após a saída de cena de Napoleão é retomada a monarquia dos Bourbons (1814 – 1848) e os períodos subsequentes são conhecidos como segunda república (1848 – 1852) e segundo império (1852 – 1870). Nestes últimos, ocorre a expansão do império francês sendo atingido o sudeste asiático, o pacífico e o norte da África (Marrocos, Tunísia e Madagascar).
            Neste mesmo tempo a evolução dos conhecimentos científicos parece mudar de rumo. A Física clássica newtoniana começa a dar lugar a quântica; A Química propõe novas teorias que objetivam desvendar a estrutura atômica e no campo da Biologia, Darwin elabora a teoria da evolução das espécies que não atribui a Deus o ato da criação.
            Digno de destaque é a herança deixada por Immanuel Kant que via o homem como cidadão dos mundos material e espiritual. Segundo o pensador,o homem só pode adquirir um conhecimento prático ou moral do mundo, de si mesmo e de Deus; jamais o conhecimento absoluto. Diante desta forma de pensar, sobretudo a partir da segunda metade do século XIX, o homem começa a ser visto de diversas formas e por diferentes pensadores: Darwin – O homem biológico; Marx – O homem econômico; Freud – O homem instintivo; dentre outros.
            A Igreja Católica se contrapõe a todos esses movimentos. O catolicismo fica totalmente intransigente, recusando qualquer aproximação com a ciência, progresso, industrialização, liberalismo e filosofia. Esta posição retrógrada provocará a laicização do Estado e a desconstrução do monopólio da Igreja Católica, que agora divide as atenções com um bom número de Igrejas Protestantes, grupos e instituições com fins missionários.
            De forma bastante resumida este é o panorama da Europa no momento em que Allan Kardec resolve pesquisar e levar a sério vários fenômenos até então inexplicáveis, como por exemplo, o caso das mesas girantes, batidas sincronizadas e intermitentes, que sugeriam algum método de comunicação do mundo dos espíritos.
            A codificação espírita se inicia em 1857 com a publicação de “O Livro dos Espíritos” onde através de mais de mil indagações, Kardec, se utilizando de vários médiuns, sabatina espíritos superiores assistidos de perto pelo Espírito da Verdade.
           O Livro dos Espíritos é composto de quatro partes distintas, e cada uma delas dará origem à outra obra. A primeira parte intitulada “As Causas Primárias” se constituirá no livro “A Gênese” (1868); a segunda parte que trata do “Mundo Espírita ou dos Espíritos” será verificada de forma mais detalhada em “O Livro dos Médiuns” (1861); a terceira parte que traz como título “As Leis Morais” estará consubstanciada no livro “O Evangelho Segundo o Espirritismo” (1864) e por fim a quarta parte relativa “As Esperanças e Consolações” ficará compreendida na obra “O Céu e o Inferno” (1865).
            O livro “O Céu e o Inferno” ou “A Justiça Divina Segundo o Espiritismo” está dividido em duas partes: na primeira Kardec trabalha a exposição dos fatos e na segunda o codificador expõe exemplos através dos depoimentos de testemunhas.A obra é um exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte.
            Com esta obra Allan Kardec contesta todos os dogmas da Igreja Católica. De imediato combate a ideia de que o céu e o inferno seria o fim, demonstrando que tudo no universo evolui. Com Kardec, as penas e recompensas de após a morte saem do plano obscuro das superstições e do misticismo dogmático para a luz viva da análise racional e da pesquisa científica. 
            Na primeira parte do livro, Kardec realiza um exame crítico, procurando apontar contradições filosóficas e incoerências com o conhecimento científico, superáveis, segundo ele, mediante o paradigma espírita da fé raciocinada. São expostos vários assuntos - Causas do temor da morte, porque os espíritas não temem a morte, o céu, o inferno, o inferno cristão imitado do pagão, os limbos, quadro do inferno pagão, esboço do inferno cristão, purgatório, doutrina das penas eternas, código penal da vida futura, os anjos segundo a igreja e o Espiritismo, aborda também vários pontos relacionados com a origem da crença dos demônios, segundo a igreja e o Espiritismo, intervenção dos demônios nas modernas manifestações e a proibição de invocar os mortos.  
            Na segunda parte, constam dezenas de diálogos que teriam sido estabelecidos entre Kardec e diversos espíritos, nos quais estes narram as impressões que trazem do além-túmulo, e de como se deu o processo de desencarne para pessoas de diferentes tipos de caráter.  A segunda parte deste livro é dedicada ao Pensamento; Kardec reuniu várias dissertações de casos reais, a fim de demonstrar a situação da alma, durante e após a morte física, proporcionando ao leitor amplas condições para que possa compreender a ação da Lei de Causa e Efeito, em perfeito equilíbrio com as Leis Divinas; assim, constam desta parte, narrações de espíritos felizes, infelizes, espíritos em condições medianas, sofredores, suicidas, criminosos e espíritos endurecidos.  
           O trabalho contundente de Kardec nesta obra irá provocar uma série de contestações de vários setores da sociedade parisiense e, sobretudo, da Igreja Católica. O texto a seguir foi extraído, na íntegra, do livro "Obras Póstumas"e retrata segundo o próprio Kardec tal situação: 

“Escrevo esta nota no dia 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que estacomunicação me foi dada, e verifico que ela se realizou em todos os pontos,porque experimentei todas as vicissitudes que nela me foram anunciadas. Tenhosido alvo do ódio de implacáveis inimigos, da injúria, da calúnia, da inveja edo ciúme; têm sido publicados contra mim infames libelos; as minhas melhoresinstruções têm sido desnaturadas; tenho sido traído por aqueles em quemdepositara confiança, e pago com a ingratidão por aqueles a quem tinha prestadoserviços. A Sociedade de Paris tem sido um contínuo foco de intrigas, urdidaspor aqueles que se diziam a meu favor, e que, mostrando-se amáveis em minhapresença, me detratavam na ausência.Disseramque aqueles que adotavam o meu partido eram assalariados por mim com o dinheiroque eu arrecadava do Espiritismo. Não mais tenho conhecido o repouso; mais deuma vez, sucumbi; sob o excesso do trabalho, tem-se-me alterado a saúde e comprometido avida.Entretanto, graças à proteção e à assistênciados bons Espíritos, que sem cessar me têm dado provas manifestas de sua solicitude, sou feliz em reconhecer que não tenho experimentado um únicoinstante de desfalecimento nem de desânimo, e que tenho constantementeprosseguido na minha tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com amalevolência de que era alvo. Segundo a comunicação do Espírito Verdade, eudevia contar com tudo isso, e tudo se verificou”.(Allan Kardec - Livro Obras Póstumas - Segunda Parte - A minha primeira iniciação no Espiritismo - Minha Missão).
Em última análise é bastante razoável admitir que o livro “O Céu e o Inferno” coloca ao alcance de todos, os conhecimentos do mecanismo pelo qual se processa a Justiça Divina, em concordância com o princípio evangélico: "A cada um segundo suas obras".

Rio de Janeiro, 13 de Abril de 2012
Grupo de Estudos do Livro “O Céu e o Inferno”

Solar Bezerra de Menezes

terça-feira, 5 de junho de 2012

   
GRUPO DE ESTUDO ESPÍRITA
SOLAR BEZERRA DE MENEZES




EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA



Infanto-Juvenil do Solar Bezerra de Menezes
Toda 4ª. feira às 20hs
(durante a reunião pública)

ESTUDO DO LIVRO: O CÉU E O INFERNO 


Espíritas, amai-vos e instruí-vos!
Sábado: 23 de junho
Horário: 17hs às 19hs 






Estudo do Livro: O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Capítulo XIII - NÃO SAIBA A VOSSA MÃO ESQUERDA O QUE DÊ A VOSSA MÃO DIREITA

Estudo realizado na reunião das 18:30 as 19:30h.

Material de apoio para auxiliar em nosso estudo:


Dia: 30/05/2011
Itens: 17 - A piedade e 18 - Os orfãos. 


   A piedade é o enternecimento dos nossos sentimentos, ou seja, é quando nos sentimos tocados, sensibilizados ou comovidos por algum acontecimento. Pode ser interpretada também como o sentimento da caridade.
    As manifestações da piedade são de diversas formas: através da palavra amiga, dos textos edificantes, dos testemunhos individuais ou em conjunto, companheirismo e principalmente do amor ao próximo.
Nos dias de hoje, onde o egoísmo e o orgulho ainda reinam absoluto no nosso meio, a piedade tem origem a partir de uma desgraça. Ao nos defrontarmos com algum problema alheio inicialmente nos sentimos incomodados, e se nosso ego ainda for dominante, a reação é de afastamento. Para o aprendiz do evangelho após a sensação de incômodo já brota um sentimento de entendimento da situação, com certo grau de melancolia, e um sentimento embrionário de piedade. Com a evolução espiritual, pautada nas experiências individuais, a piedade começa a ser integral no nosso sentimento.
    Esse sentimento é um misto de amor ao próximo e entendimento que gradativamente nasce nos nossos corações. É adquirido lentamente com as pessoas próximas e num futuro com todos os espíritos amigos ou não. É mais que ”fazer o bem” é “ser bom” na sua essência.
   Após o surgimento de um fato desagradável, a maioria das pessoas que passam por isso direta ou indiretamente, tendem a fuga através dos prazeres mundanos e momentâneos (drogas, álcool, tabagismo, sexualidade, viagens e “divertimentos”)  mas na maioria das vezes levando ao sofrimento ainda maior. É fácil entender, pois esses prazeres têm enormes consequências no presente e no futuro pois todas as coisas, pessoas e ações estão interligadas. E aquele fato desagradável continua intacto.
   A piedade será despertada através das atitudes conscientes de caridade. A exposição e ajuda ao próximo são essenciais para sua aquisição. Não tenha medo de ajudar e o mais importante não espere nada em troca.